segunda-feira, 26 de abril de 2010

Um clarão !!

Eram 4 horas da manhã quando ele acordou assustado, levantou e caminhou até a sala de estar, e já não havia sombra de dúvida que algo estranho iria acontecer. Caminhou sorrateiramente, até a porta que dava para outra sala, e ao abrir a porta,um clarão adentrou sua visão, e quase cego de vida começou a rezar, agarrava sua única esperança numa reza de criança que aprendera com seus pais. Longos anos se passaram em sua vida, já não se dava conta do medo, era só, vivia de um canto para o outro da casa: lendo, resmungando da vida, contando histórias para o gato, vez ou outra escrevendo cartas , bilhetes , memorandos entre outras correspondências que jamais iria enviar a alguém, eram na verdade a maneira mais simples de encarar os fatos, estava só, não havia mais ninguém em sua vida, restava-lhe talvez a casa, os jornais, as manhãs de domingo, trabalho não havia, era só, consigo e com o mundo, não sentia prazer nas imagens turvas da televisão antiga, branco e preta,daquelas que num relicário , talvez tivesse valor, a vida lhe passava pelas mãos, sentia um calafrio na coluna e de súbito caiu, as preces aumentavam, mas nada adiantava, era um clarão imenso, roubava-lhe o instante em que emendava uma frase à outra, de repente deixou cair no chão também sua história, talvez sua memória , seu passado, seu presente, foi se rastejando e sentindo o sopro de vida lhe esmaecer pelas mãos, não havia mais preces. Foi-se, entregue à luz onipotente daquela triste manhã...

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no ceiling

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